terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Olhe para ela

Ele simplesmente viu aquela deusa entrar pela porta da festa. Deusa, certo? Era a palavra certa para aquele corpo incrível, aqueles cabelos pretos enormes e aqueles olhos grandes. Aqueles olhos que só uma mulher que sabe das coisas poderia ter. Ela entrou e fingiu não reparar que todos da festa olhavam para ela. Alta, linda e sorridente. Um sorriso incrível, único, de quem quer aproveitar a noite como se a vida fosse uma festa. E que disse que não é? Enquanto ela andava de um jeito encantador, e olhou fundo naqueles olhos, e ela o olhou também. Encarou, sorriu, desviou o cabelo. Era como se ela se mexesse em câmera lenta, de tão estonteante que era. O vestido preto de paetês brilhava.
Ela foi até o bar. Ele sentiu aquele cheiro do cabelo, do perfume. Ela era demais. Demais para ele, demais para qualquer homem. E ainda parecendo tão inalcançável ela ainda olhava para ele como se tivesse alguma chance.
Ela pediu uma bebida qualquer. E que voz! Que voz doce, sexy, decidida! Ele tentou respirar um pouco, foi até ela e perguntou se estava acompanhada. Negativo. Ela deu um gole, olhou fixamente para ele e comentou que gostava do seu cabelo. Ele sorriu um pouco atordoado. Ela riu, se virou e caminhou para pista.
Inalcançável, deslumbrante! E a noite estava só começando. E que noite!

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nem é o que parece estar.

Chegou bem seco em casa, sentou no sofá e ficou sério durante um tempo. Ela não queria atrapalhar seus pensamentos e ficou calada enquanto regava as plantas da varanda. Olhou de forma sutil no canto do olho, para ver se ele reparava nela. E continuou muda, regando as mudinhas.
Ele estava estressado, tivera um dia terrível no trabalho, não estava com cabeça para conversar sobre nada com ninguém. Queria beber e ficar bebendo o resto da noite. Mas, de súbito, veio uma vontade de ir até lá...
Ela estava em pé, curvada um pouco para frente, quando sentiu uma voz em sua orelha, falando grosso, talvez até sério:
"Mas meu bem, como foi seu dia...?" E ela sorriu, aliviada.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Me leve junto.

Deixo com você a imagem do meu sorriso quebrado. Deixo meu olhar vago, meu começo de lágrimas. Arrumo os fios de cabelo que caiam no meu rosto. Deixo você colocar sua mão quente no eu pescoço fino e frio. E me achar frágil, deixo. Me afasto para começar a deixar mais. Coloco meus olhos já vermelhos em você e observo seu desespero ao ver que já estou de saída. Não vou pedir desculpas.
Deixo com você os bons dias vividos. Deixo minha voz doce no telefone. Deixo meus abraços fortes em dias de fraqueza. Deixo meus risos tímidos quando você me elogiava. Minhas opiniões, eu deixo, meus beijos de quem compreende, fique com eles. Minhas mensagens, meu café, meus conselhos, deixo também. Deixo a primeira vez que eu disse eu te amo. Deixo a última também. E vou deixando, certa de que isso irá me libertar. Espero que agora que não há mais nada a ser deixado, eu possa ir em paz.
Mas o tempo passa e eu continuo aqui. Percebo, já tarde que acabei me deixando com você, e não posso ir, se fui deixada para ficar.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Pequenininha

Passar um sábado com as amigas. Marcar de se encontrar no metro. Ir para exposição, ver gente bonita, dar risadas, se emocionar e passar na livraria. Voltar juntas de metro, se despedir na estação, cada uma seguir seu caminho. Pegar um ônibus com uma delas, e ir conversando o caminho todo sobre como está a vida, os planos. Como você se sente? Ter pessoas assim que perguntam sobre você. Que tem interesse em saber como foi seu dia. Sair para comprar pão em um fim de tarde frio. Ajudar sua mãe no supermercado. Ler um livro. Estudar para uma prova. Ligar para uma amiga e começar a cantar a trilha sonora do seu filme preferido, e até esquecer sobre o que ia falar.
Apesar de sentir um desânimo algumas vezes, de sentir falta de algo grande e intenso, acabamos nos esquecendo de como é bom ter um pouco de paz.
Acordar em um dia frio, vestir um moletom largo e ir tomar café em algum bom ambiente. Coisas tão pequenas e sem importância, que acabam fazendo da gente,um pouco mais feliz.
Ficar quietinha com você.
Ficar calma com as amigas.
É assim que a vida está agora. Calma. E por enquanto,isso tem me bastado.
Eu tenho me bastado.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Era seis de dezembro.

O ônibus chegou ao seu destino final. sem saber o porquê, ou melhor, sem entender o porquê, Clarice levou a mão ao cordão do seu pescoço e apertou o medalhão que carregava. Respirou fundo, esperou todos os passageiros descerem, pegou sua pequena mala e saiu do ônibus. Andou até uma lanchonete e pediu um café. Lembrou que a quarenta anos atrás ela estava sentada ali, pensando nele. Passou a mão em seus cabelos brancos e percebeu que sua testa suava. Estava com medo de voltar à aquela cidade.Tomou seu café. Tomou coragem e seguiu seu caminho.
Com passos lentos, pois já tinha uma idade avançada, caminhou até chegar a uma casa.
147. Era o número da casa. "É aqui." pensou. espiou pela janela. Viu uma mulher passar com algumas roupas e ele, sentado vendo televisão. Uma rotina tão comum, e ela, um passado vivo iria atrapalhar tudo. Não importava, era necessário falar com ele. Pedir perdão. Mesmo fazendo muitos anos. Com uma das mãos, Clarice tocou a campainha, com a outra, apertou o medalhão. Um homem alto, de belos olhos azuis e de uns quase cinquenta anos abriu a porta, e, surpreso nada disse.
Os olhos de Clarice se encheram de lágrimas e ela pode notar que ele apertava seu medalhão também.
Uma promessa."Quando tudo estiver bem, eu venho te ver."
Clarice tirou seu medalhão, andou com dificuldade até o homem, colocou o colar em suas mãos e disse: "Abra."
O homem abriu, e dentro ele pode ver um pedaço de fita que dizia "André, 06/12". O homem olhou para ela chorando e lhe deu seu medalhão. dentro havia outra fita que dizia: "Voltarei." Ela olhou para ele, e André lhe deu um abraço: "Não esqueceu meu aniversário." Clarice apertou suas costas, bem forte. E disse: "Estou cinquenta anos atrasada. Me perdoe." "Tudo bem. Sempre soube que você viria, mãe."

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Perdendo o encanto

As coisas que você faz definem quem você é. E não o contrário. Você pode passar a vida acreditando em algo, em alguém, e de repente descobre um segredo que muda tudo. Todo o sentimento.
As pessoas deveriam tomar cuidado, porque alguns atos demonstram a falta de respeito, de consideração com os outros.
Você se sacrifica por alguém. E depois é deixado.
Não dá. Não dá para explicar o quanto eu perdi o respeito, a consideração, a admiração.
Mentiras são capazes de destruir em segundos aquilo que levamos anos para construir.
Tome cuidado, porque quando se machuca, você também sai machucado.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ele olhou para ela com aquele olhar que só ele poderia ter.

sábado, 2 de abril de 2011

Escrito em 2006 e sem título.

Em uma noite fria de sexta-feira, cinco amigos foram passear. Naquela cidade não havia muitos lugares para ir. Era assustador passear de noite lá, os ventos faziam muito barulho. Era uma cidade pequena com pessoas de mentes menores ainda.
A pessoa mais culta de lá era um garotinho, e era exatamente ele que estava passeando com mais quatro amigos. Quando chegaram perto de uma estrada (que não sabiam onde iria dar) decidiram terminar o passeio e voltar para casa, pois já estava muito tarde e muito frio.
Três desses amigos foram embora, mas Paulo e Camila não queriam sair de lugar nenhum. Para eles o passeio só estava começando. Perto da estrada havia uma casa com um pequeno jardim (que mais parecia morto). A casa era grande, e muito maltratada. Podia ser uma linda casa se lá não morasse uma velha, que dizia o povo, fazia bruxaria. Muitas pessoas já tentaram entrar na casa para ver se existia mesmo alguém morando lá, mas todas sumiram misteriosamente depois da busca. Mas como Paulo e Camila não acreditavam nesses boatos, queriam muito entrar na casa. Também dizia o povo que Camila se interessava muito por bruxaria e que Paulo sofria de uma doença da cabeça. Depois de pensar muito Camila decidiu que iria entrar na casa, mas Paulo preferiu seguir pela estrada. Mesmo com muito medo os dois fizeram um acordo. Primeiro iriam seguir a viagem pela pequena estrada e depois de satisfazerem sua curiosidade voltariam e entrariam na casa. A estrada, que era mais escura que a noite, estava mais assustadora do que o comum. Firmes e com confiança os dois amigos seguiram a viagem, que não sabiam se iria ter volta.
A estrada tinha uma quantidade de animais mortos inimaginável! Os ventos eram mais fortes e o frio castigava ainda mais os pobres amigos. A sexta-feira não era mais sexta e sim sábado. Já era muito tarde quando os dois ouviram um grito. Não haviam passado nem a metade daquela estrada quando perceberam que o grito vinha da casa. E como se um raio iluminasse a casa, viram uma forte luz branca sair do céu e ir direto para a casa da velha. Um segundo grito saiu da casa, mais forte do que o outro. E num passe de mágica tudo ficou quieto. Apenas o vento continuava a soprar. Os dois amigos saíram correndo, e por incrível que pareça a direção que eles estavam seguindo era para a casa.
A curiosidade era muito grande e o medo também, mas os dois corajosos amigos não desistiram de chegar a casa. Para a surpresa de Camila e Paulo, a porta estava entreaberta o que indicava que alguém havia entrado ou saído da casa misteriosa.
Com todo o cuidado eles abriam a porta. Uma visão terrível tomou os olhos dessas pobres crianças. Quem estava na casa eram eles mesmos. Só que mortos e sozinhos. A casa só mostrava o futuro, o que iria acontecer. Desesperados, os dois saíram correndo dali mais perdidos do que nunca! Simplesmente a porta que eles entraram estava fechada! E foi quando olharam para cima e viram uma luz igual a que viram antes. E o grito se repetiu, mas desta vez saiu da boca de Paulo. E como tinham visto o segundo grito saiu mais forte ainda... da boca de Camila...
Pobres crianças! Se não tivessem tanta curiosidade!

sábado, 26 de março de 2011

Vida pesada

Houve um terremoto. Tudo desmoronou e caiu sobre as cabeças daquelas pessoas. Vidas, momentos e sonhos interrompidos. Tudo rápido e forte. Havia um casal. Um jovem casal que tinha poucos meses de namoro. Eles estavam em casa juntos. Vendo um filme. O filme não importa. Talvez naquela hora podiam até se importar com o que estavam vendo. Engraçado como um segundo é suficiente para mudar prioridades de qualquer um.
Ela sonhava em ficar velha ao lado dele. E ele queria estar com ela enquanto fosse bom. Mas foram interrompidos. Ela mexeu os braços com dificuldade e tocou nos dedos dele.
As pernas dormiam, a cabeça doía. Tudo parecia ir se esvaecendo. Tudo estava no fim.
—Eu gostaria de passar o resto dos meus dias com você. – Disse ela com dificuldade.
—Eu também.
—Qual será o fim do filme?
—Não importa mais. – A voz grossa dele, ficava distante.
—Eu espero... Eu espero te encontrar de novo.
—Você nunca vai se afastar.
—Sabe... Eu sinto... Eu sinto que estou indo.
—Segure minha mão. – eles entrelaçaram seus dedos com dificuldade, o peso da vida esmagando seus corpos.
—Estamos juntos. – Ela disse.
—E ficamos juntos até o fim das nossas vidas.
—Era tudo que eu queria.
E então, adormeceram, e a sensação de sufoco desapareceu lentamente. O final do filme já não importava. Havia algo muito maior esperando por eles.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mark. Kathy.

Seus cabelos voavam lentamente de acordo com o vento. Encostavam-se a seu ombro delicado. Havia o sol. E o sol iluminava seu rosto pálido. E o sol iluminava seus olhos. Sempre os olhos... Mark poderia olhar para Kathy o dia todo. Se prender a cada detalhe do seu rosto perfeito. Havia o brilho. E o brilho era o que prendia Mark. Nos olhos. Será que eram assim porque eram da mulher que ele amava? Ou talvez isso fosse dela. Talvez só Kathy fosse capaz de ter aqueles olhos. Talvez, toda a alma dela estivesse lá. Ela sorriu. Com seu sorriso branco, reluzente. E seus cabelos voavam. Os longos fios castanhos batiam de leve no pescoço. Eram suaves. Todo seu ser passava paz. E nesse momento Mark tinha a certeza de que a amava.
Estavam na montanha. Tudo tinha um brilho diferente. Tudo era luz. Kathy estava ao lado de Mark em silêncio. Ninguém havia dito nada desde que chegaram ali. No outro dia, haviam tido emoções fortes demais. Ela estava despreocupada, como se tudo fosse aquele instante. Não haveria depois. Aquele era o momento. Estar ao lado de Mark, que, mesmo em silêncio dizia muita coisa. Mark tinha uma expressão séria. Suas mãos estavam um pouco cerradas. Como se ele se controlasse. Kathy olhou fixamente para Mark e ele não pode deixar de observar mais uma vez, como ela estava linda.


Só para nunca me esquecer deles.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Medo de dar certo.

Foi o perdendo pouco à pouco. Com seus erros, seu orgulho. E agora, nada mais resta, apenas algumas lembranças. Boas e ruins. Não importa. Lembranças do que foi. Saudade do que poderia ter sido. Ele sempre estivera lá. Sempre dizia as palavras certas. Era sempre o mesmo. Constante. E ela admirava essa qualidade de tal maneira! Havia procurado isso por tanto tempo.Alguns diziam que era o cara certo, outros não gostavam dele. Mas, Laura nunca soube se o conhecia realmente, ou se ele era muito bom em fingir. Trabalhavam juntos e foram se conhecendo aos poucos. Ele era tudo que um homem deveria ser. E ela era tudo que ele precisava. Mas, o tempo foi matando os sentimentos. Os sentimentos não... Eles existiam, e nem sempre eram lembrados. O tempo foi matando a vontade de tentar fazer dar certo.
Fazer dar certo...
Deveria dar certo sem tentar, deveria ser natural. Amor é natural. Mas não havia sido assim.
Era impossível achar algum erro grave naquele romance. Mas, talvez o medo de tudo realmente dar certo teria assustado Laura. Depois de uma decepção amorosa, as pessoas passam a não confiar tanto em si. Não confiar tanto nos outros.
Porém, eles estavam dando certo. E poderiam continuar assim, mas, as coisas não quiseram.
A vida não quis.
E, apesar de achar que era tudo perfeito, havia algo que não os deixou em paz. E esse algo, quando alimentado, cresce e mata tudo em volta.
Aparente orgulho escondendo insegurança.

Ainda bem que; para Laura, não existia um só amor na vida. Ela acreditava em momentos, e eternizaria os bons momentos que havia tido ao lado dele.
E só.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Cegueira.

—Faça isso.
—Você fala sério?
—Falo o que você deseja ouvir.
—Mas, Camila, eu preciso da sua opinião, de verdade!
—Querida, você não vai gostar.
—Por favor.
—Bem... De que vai adiantar? Digo, você acha que precisa, mas eu não acredito nisso.
—Mas amiga, eu sinto falta de ver as pessoas, as ruas, as coisas, a vida! Estamos cegas! E que alegria podemos ter se não podemos ver as coisas belas do mundo?
—Eu as vejo.
—Como?
—Jane. Quantas pessoas você já conheceu que podia enxergar?
—Inúmeras. Centenas.
—E quantas se importam e olhar? Quantas realmente veem?
—O que você define por ver...
—É sentir. Com a alma. Não é necessário olhos para se ver a vida. A vida está dentro de você.
—O pôr do sol! Camila! Eu nunca mais o vi!
—Eu não posso ver a luz do sol, é verdade. Mas minha pele ainda sente seu calor. Eu posso sentir até sua luz. Mas, me diga Jane, quantas pessoas pode ver o sol e ainda estão no frio, na escuridão?