sexta-feira, 30 de abril de 2010

Foi

"Por que você não vai embora de uma vez?" Ana levantou os olhos cansados e fitou Joe. "Você sempre esta indo embora... E nunca vai..." "O que você quer de mim?" "Acaba com isso logo. Não preciso dessa mentira." "O que é uma mentira Ana?" "Sua vida." Ela estava sentada no sofá da sala. Ele em pé, na sua frente. Ana olhava para os olhos dele, que tentanvam fugir desesperados. Ela havia tocado no assunto. Os cabelos negros de Ana caiam cobrindo parte de seu rosto. Ela estava cansada. "Eu fico melhor sozinha." Ela disse, o forçando sutilmente a continuar o assunto que Joe tanto queria evitar. Os olhos dele mostravam o desespero. Depois que o assunto já havia começado, não há mais volta. Seria hipócrita demais fingir que nada estava acontecendo. "A cada dia você está mais distante. Você deveria ir embora logo." "E você?" "Eu fico melhor sozinha. Vou me sentir melhor, sabendo que não tem um estranho fingindo que me ama na minha casa." Silêncio. Ela havia dito. Não foi uma pergunta como tantas vezes Joe achou que seria. Ela afirmou. Estava certa. Não havia amor ali. Havia necessidade. "Não sei se eu consigo sem você." "Não me importo com você Joe." Ela dizia, sem desviar o olhar dele e o obrigando a encarar seu olhos também. Joe era fraco. E mesmo sem amar Ana, ele queria continuar com ela. Porque sempre soube que ela era tudo para ele. Ela o fazia viver. Mas para os outros. Ela passava a vida dela para ele. E não recebia nada em troca. "Você não se importa mais comigo?" "Não." "Se eu for, eu não voltarei." "Então vá." "Vou me lembrar de você, Ana." Ela ficou em silêncio. Esquecer Joe não aconteceria. Mas ela evitaria as lembranças.
Ele se foi e fechou a porta. O casamento havia durando longos 10 meses. Acabou. Ela olhou em volta, procurando alguma coisa que pudesse a fazer se sentir completa. Não havia nada naquela casa, além das lembranças dele. O perfume de Joe continuava no ar. Aquele perfume que Ana sempre gostou. Agora dava enjoo. Ela se levantou, e deitou em sua cama, no seu quarto. Estava escuro, não era possível enxergar nada. Mesmo assim, ela sentia a presença dele em algum lugar. "Sera que ele voltou?" Ela pensou e logo viu que era impossível. A porta estava trancada, ele se foi para nunca mais voltar. Mas ainda sentia a presença dele. E como que a verdade se mostrou, Ana percebeu que naquela casa ela sentia a presença de Joe dentro de si. E disso, ela não tinha como escapar. Por mais longe que ele estivesse, a sua presença seria sentida para sempre. Nela mesma.

domingo, 25 de abril de 2010

Mark... De novo.

Para Mark, as coisas se tornavam reais no momento em que eram escritas. Nada tinha tanto valor na vida dele, do que as palavras. Nada podia influenciar tanto Mark. No momento em que escrevia, seu sentimento se fazia concreto. Como se ele pudesse pegar, segurar entre suas mãos. No momento em que escrevia, aquilo que já era real, se tornava eterno. Era como perpetuar a felicidade, o amor. Tudo se tornava mais verdadeiro. Ele podia dizer para Kathy tudo aquilo, mas no momento em que exprimisse seus sentimentos eles poderiam se perder ao vento. Daqui a alguns anos, ela poderia não se lembrar das palavras exatas. Mas, se Mark escrevesse, seria eterno. Kathy poderia sempre ler o que ele havia escrito, e seria como se afirmasse tudo de novo. O fato de escrever era como fazer uma tatuagem em alguma coisa. Nada poderia tirar a intensidade do momento. Ninguém poderia duvidar daquilo tudo. Estava escrito. Estava feito. Para sempre, desde agora.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mark. Kathy.

—Quero sempre que você se lembre de mim – ela sorriu, e ficava cada vez mais perto dele.
—Não posso me lembrar, do que nunca esqueci.
Perto demais. A pele dele era macia, assim como as maças do rosto de Kathy. A mão entre os cabelos negros de Mark. As mãos dele seguravam o pescoço fino dela. Tudo era uma mistura perfeita e arriscada de amor. Ela fechou os olhos. E deixou se levar pela multidão de sentidos que a fazia ficar sem respirar. Seu coração nunca batera tão rápido, sua barriga nunca sentira tanto frio, sua pele nunca havia ficado tão arrepiada ao toque de uma pessoa. Mas claro, ele não era uma pessoa comum.
Mark não tinha consciência do rumo que poderia estar tomando. Será que haveria problema em apenas um beijo? Ele não conseguia pensar no momento. A presença e cheiro de Kathy não o deixam sequer respirar.



Faz parte do meu livro. Faz parte de mim.