quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Nem é o que parece estar.

Chegou bem seco em casa, sentou no sofá e ficou sério durante um tempo. Ela não queria atrapalhar seus pensamentos e ficou calada enquanto regava as plantas da varanda. Olhou de forma sutil no canto do olho, para ver se ele reparava nela. E continuou muda, regando as mudinhas.
Ele estava estressado, tivera um dia terrível no trabalho, não estava com cabeça para conversar sobre nada com ninguém. Queria beber e ficar bebendo o resto da noite. Mas, de súbito, veio uma vontade de ir até lá...
Ela estava em pé, curvada um pouco para frente, quando sentiu uma voz em sua orelha, falando grosso, talvez até sério:
"Mas meu bem, como foi seu dia...?" E ela sorriu, aliviada.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Me leve junto.

Deixo com você a imagem do meu sorriso quebrado. Deixo meu olhar vago, meu começo de lágrimas. Arrumo os fios de cabelo que caiam no meu rosto. Deixo você colocar sua mão quente no eu pescoço fino e frio. E me achar frágil, deixo. Me afasto para começar a deixar mais. Coloco meus olhos já vermelhos em você e observo seu desespero ao ver que já estou de saída. Não vou pedir desculpas.
Deixo com você os bons dias vividos. Deixo minha voz doce no telefone. Deixo meus abraços fortes em dias de fraqueza. Deixo meus risos tímidos quando você me elogiava. Minhas opiniões, eu deixo, meus beijos de quem compreende, fique com eles. Minhas mensagens, meu café, meus conselhos, deixo também. Deixo a primeira vez que eu disse eu te amo. Deixo a última também. E vou deixando, certa de que isso irá me libertar. Espero que agora que não há mais nada a ser deixado, eu possa ir em paz.
Mas o tempo passa e eu continuo aqui. Percebo, já tarde que acabei me deixando com você, e não posso ir, se fui deixada para ficar.