sábado, 26 de março de 2011

Vida pesada

Houve um terremoto. Tudo desmoronou e caiu sobre as cabeças daquelas pessoas. Vidas, momentos e sonhos interrompidos. Tudo rápido e forte. Havia um casal. Um jovem casal que tinha poucos meses de namoro. Eles estavam em casa juntos. Vendo um filme. O filme não importa. Talvez naquela hora podiam até se importar com o que estavam vendo. Engraçado como um segundo é suficiente para mudar prioridades de qualquer um.
Ela sonhava em ficar velha ao lado dele. E ele queria estar com ela enquanto fosse bom. Mas foram interrompidos. Ela mexeu os braços com dificuldade e tocou nos dedos dele.
As pernas dormiam, a cabeça doía. Tudo parecia ir se esvaecendo. Tudo estava no fim.
—Eu gostaria de passar o resto dos meus dias com você. – Disse ela com dificuldade.
—Eu também.
—Qual será o fim do filme?
—Não importa mais. – A voz grossa dele, ficava distante.
—Eu espero... Eu espero te encontrar de novo.
—Você nunca vai se afastar.
—Sabe... Eu sinto... Eu sinto que estou indo.
—Segure minha mão. – eles entrelaçaram seus dedos com dificuldade, o peso da vida esmagando seus corpos.
—Estamos juntos. – Ela disse.
—E ficamos juntos até o fim das nossas vidas.
—Era tudo que eu queria.
E então, adormeceram, e a sensação de sufoco desapareceu lentamente. O final do filme já não importava. Havia algo muito maior esperando por eles.

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