quinta-feira, 28 de abril de 2011

Era seis de dezembro.

O ônibus chegou ao seu destino final. sem saber o porquê, ou melhor, sem entender o porquê, Clarice levou a mão ao cordão do seu pescoço e apertou o medalhão que carregava. Respirou fundo, esperou todos os passageiros descerem, pegou sua pequena mala e saiu do ônibus. Andou até uma lanchonete e pediu um café. Lembrou que a quarenta anos atrás ela estava sentada ali, pensando nele. Passou a mão em seus cabelos brancos e percebeu que sua testa suava. Estava com medo de voltar à aquela cidade.Tomou seu café. Tomou coragem e seguiu seu caminho.
Com passos lentos, pois já tinha uma idade avançada, caminhou até chegar a uma casa.
147. Era o número da casa. "É aqui." pensou. espiou pela janela. Viu uma mulher passar com algumas roupas e ele, sentado vendo televisão. Uma rotina tão comum, e ela, um passado vivo iria atrapalhar tudo. Não importava, era necessário falar com ele. Pedir perdão. Mesmo fazendo muitos anos. Com uma das mãos, Clarice tocou a campainha, com a outra, apertou o medalhão. Um homem alto, de belos olhos azuis e de uns quase cinquenta anos abriu a porta, e, surpreso nada disse.
Os olhos de Clarice se encheram de lágrimas e ela pode notar que ele apertava seu medalhão também.
Uma promessa."Quando tudo estiver bem, eu venho te ver."
Clarice tirou seu medalhão, andou com dificuldade até o homem, colocou o colar em suas mãos e disse: "Abra."
O homem abriu, e dentro ele pode ver um pedaço de fita que dizia "André, 06/12". O homem olhou para ela chorando e lhe deu seu medalhão. dentro havia outra fita que dizia: "Voltarei." Ela olhou para ele, e André lhe deu um abraço: "Não esqueceu meu aniversário." Clarice apertou suas costas, bem forte. E disse: "Estou cinquenta anos atrasada. Me perdoe." "Tudo bem. Sempre soube que você viria, mãe."

Um comentário:

Patrícia Alcala disse...

gi, seus textos são maravilhosos!