domingo, 20 de julho de 2014

Em algum papel encontrado nas arrumações esporádicas

Ela se levantou rápida, desviando o olhar e o fixando na porta. Ele estava parado, imóvel. Parecia com medo. Ela observou cada músculo contraído do seu corpo. Lembou-se do beijo dele e um calafrio percorreu suas costas. Estava entregue, mas ele não poderia saber. Ela andou um pouco. passou a mão pela sua cintura e a apertou de leve, como fazia quando ficava nervosa. "Você voltou" Suas palavras pareciam sair trêmulas. Ela tinha medo que falasse aquilo que não podia, que sentia. Seus olhos estavam vermelhos de chorar. Mas era difícil não esmorecer naquele momento. A lembrança que tinha dele não poderia nunca, jamais se comparar a sua presença. Andou até a porta. Ouviu sua respiração, sentiu seu cheiro. E, ao olhar nos seus olhos, pensou estar no paraíso. Eles a tragavam. Eram azuis, tensos. "Você voltou?" A afirmação se tornou dúvida. Por que ele não a olhava como antes? Parecia se controlar. Parecia cerrar as mãos para impedi-las de tomá-la pela cintura, beijar-lhe os olhos, sentir seu corpo quente, seu coração acelerado. Ele podia ver, na sua blusa decotada, o esforço que ela fazia para não parecer ofegante. Mas seu colo se movia, e ele podia ver os ossos por baixo da pele dela. Ouviu sua respiração. Andou até próximo demais dela. E, pensando em apenas tocar no seu rosto, a amou por completo.

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