quinta-feira, 19 de junho de 2014

Entre nada e alguma coisa

Ele não entendia. Maria não estava no claro ou no escuro. Maria estava na penumbra, na sombra, no crepúsculo. Maria estava entre. Entre as pessoas, as coisas. Entre seus livros preferidos e seus filmes mais amados. Mas não estava em nada. E ele insistia em procurá-la nas coisas. Nas palavras que lia, nos lugares que frequentava, nas fotos que mostravam todo o rosto. Não. Não poderia encontrá-la lá. Maria estava entre tudo o que amava e evitava. Entre todos seus valores. Era uma transição. Eternamente em busca, eternamente a caminho. Sendo refeita e desfeita. No segundo que difere um sorriso de lábios cerrados, era lá que ela se encontrava. Nunca por inteira, pois ainda não existia nada acabado nela. Sempre em movimento e aprendizado. Entre desculpas e acertos ela estava lá. No segundo antes de olhar o desconhecido e amá-lo. Ela estará lá.

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