segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Liberdade.

Dessa vez, nada de textos de amor, de declarações poéticas. Quis escrever algo diferente do que eu escrevo.



"Não tem nada certo" - Lídia disse olhando para o mar. Ouça Eduardo, Ouça! "Eu não acho." A noite já era escura demais. Ela deveria ter ido embora antes, mas como sempre não conseguiu. "A gente... Eu acho melhor não" E movia os lábios de uma forma doce e leve. Como se tivesse medo das palavras. "Eu quero tentar. Você vale a pena" Então, ele achava que Lídia valia a pena? Por que? Afinal, por que? "Por que?" "Porque eu te amo. Achei que fosse o suficiente para você." "Para mim sempre foi Eduardo." O vento, bateu de leve no rosto de Lídia e ela sentiu a pele arrepiar de frio. Ao mesmo tempo em que estava feliz por estar ali, ela se sentia desconfortável. "Eu amo você" Eduardo repetiu, esperando Lídia dizer algo. "Você quer saber da verdade?" "Me conte então, meu bem" Meu bem... O que ele pensava para chamá-la assim? Meu bem... era tão antigo! Era da época em que as coisas estavam bem entre eles. Se é que algum dia, já estiveram. "Paulo." A boca dela tremeu ao sentir o peso do nome. Paulo. Paulo era a causa daquilo tudo? Paulo era o problema? "Eu acho que não posso mais continuar com você Eduardo. Não mais." Ele ficou calado e Lídia sentiu o que ele pensou. "Você não me ama." "Não mais" Aquilo soava como o fim. O fim de tudo. Ela podia ter recusado o pedido de Eduardo. Ir embora antes da noite, e não vê-lo. Ele entederia que ela não o queria mais. Mas não. Lídia quis enfrentar. Quis dar o toque de fim. Quis olhar nos olhos dele. Deixar tudo claro. Não existe mais nós. Era corajosa. Enfrentar o amor dele, e suas dúvidas. Tudo em um só golpe. "Você ama Paulo?" Não, ela não amava! Paulo surgiu, no meio das brigas dela e de Eduardo, fez com que ela acordasse para tudo. Paulo abriu os olhos dela. Mas ela não o amava. Usava Paulo como desculpa. A verdade, Eduardo nunca poderia entender. "Eu não sei" Lídia respondeu, olhando para o alto. O céu escuro, a lua cheia. As estrelas. O mar. "Eu vou embora Lídia. Você não me quer mais. Eu não vou insistir." "Então vá" Ela estava abrindo mão dele. Deixando que ele voasse para longe. Para nunca mais voltar. "Você vai sofrer?" "Não." Ela disse, convicta.
Ele foi. Andou para longe, e Lídia esperou que o barulho de seus pés na areia parassem, para poder pensar.
Sozinha. Ela sabia que Paulo estava namorando, e não se importava. Não o amava. Eduardo foi embora. Ela não sentia nada por isso. E então, qual a razão para o fim?
Lídia queria. Queria acabar com tudo. Queria ser livre. Queria toda aquela praia para ela. A lua, o mar, as estrelas, o vento. Era tudo dela. Era isso que Lídia queria. Um momento sozinha. Chega de pensar sempre nele. Ela havia se esquecido das coisas que gostava de fazer. Não caminhava mais na areia. Não tocava piano mais como queria tocar. O fato é que Lídia queria estar sozinha. Estar sozinha. Mas não era assim que ela se sentia. Lídia estava livre. Naquele momento, naquela noite em que a lua etava cheia, valeu a pena ter dado o fim. Teve um sentido maior. A liberdade que Lídia buscava, ela não queria dividir com ninguém. Era dela, e esse sentimento de posse a fazia bem. Não havia dúvidas de que era a coisa certa. Um alívio respirar aquele ar sozinha depois que Eduardo se fora. Era como sair de um romance com muita dor.

Liberdade. era esse o sentimento pelo qual Lídia terminou tudo. E valeu a pena. Sempre vale, quando se está bem com você mesmo.

Um comentário:

Talita Guerra disse...

Você, sempre surpreendendo...
Parabéns, mais uma vez (: